Espírito motociclístico.

O que leva uma pessoa a deixar sua casa e família para trás e rodar pelo continente Sul Americano por quase 10.000 km? O que leva esta pessoa a enfrentar lugares inóspitos, países estranhos, a enfrentar frio e calor extremos? Talvez você não saiba explicar, mas como motociclista, no fundo da alma sabe e entende bem esses motivos. A verdade é que não há uma explicação! Mas sim o prazer de interagir com diferentes paisagens, culturas e tradições. Mesmo enfrentando altitudes de quase 5.000 metros, temperaturas de pouco abaixo de 0º C até mais de 50º C, longos trechos de estradas completamente vazias cruzando regiões chamadas de “Pampas del Infierno” devido ao extremo calor.

Tudo isso só para alcançar um objetivo. Tirar uma foto na mão do deserto (quase litoral do Chile), rasgando nosso continente do Atlântico ao Pacífico.

Esse é o Mario (aquele Mario), forte nas suas convicções e inabalável nos seus objetivos, amigo e parceiro, excelente piloto e – o principal - detalhista nos seus planejamentos.

O Mario concluirá amanhã (domingo 24/02/13) sua viagem e sinto-me na obrigação de recepciona-lo na Via Dutra, dar-lhe as boas vindas e um abraço. Comprovando a existência do chamado “espírito motociclístico”.

BEM VINDO MARIO.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Sexto dia (Grandes problemas)

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Neste dia tivemos grandes pequenos problemas com enormes consequências. Nossos amigos sofreram muito com a falta de ar causado pela atitude. A moto do Celestino não resistiu as grandes exigências da viagem e parou devido a problemas eletro-eletrônicos. 
Ressaltamos a todos aqueles que queiram se aventurar pelas estradas da Argentina e Chile até o Atacama que tudo o que falam sobre a falta de conbustível e total ausência de suporte nas estradas é REAL. Sendo assim todo o planejamento deve ser feito para que estes itens (falta de suporte e combustivel) sejam levados em consideração.
Ao final deste dia, o balanço final foi: O Celestino sem moto retornando para o Brasil de avião, o Coelho e a Thaís voltando para o Brasil de moto e o Mario continuado a expedição com um grupo de motocilcistas de Curitiba.
É importante ressaltar que todo o contato é feito com extrema precariedade usando todos os tipos de comunicação imagináveis (Telefone celular, Viber, Latitude, e-mail) só faltou sinal de fumaça. Fato que serve para ressaltar a precariedade das estradas. Mas que na verdade só realça o sentido de aventura.
Falando em aventura. Parabéns ao Mario com sua S U Z U K I, que continuaram a viagem apesar de tudo.


Ficha Técnica 14-02
Trecho: Juy Juy x San Pedro Atacama
Quilometragem rodada: 360 km
Variação de temperatura: 8º a 23º.
Velocidade em estrada: 40 a 130 km/hora
Condições metereologicas: Tempo bom – muito sol
Estrada: Em boas condições de tráfego

Histórico:
Saímos de Juy Juy por volta das 8:00 h  em direção a San Pedro do Atacama, durante nosso percurso até a rodovia não passamos por nenhum posto de combustível, dessa forma chegamos Pumamarca que tínhamos a indicação de ter um posto, ledo engano, retornamos e fomos em outra cidade distante 20 km de nossa rota, ficamos mais de uma hora na fila do abastecimento, demos sorte, conseguimos abastecer. Máquinas abastecidas, agora rumo a subir as cordilheiras e logo começamos a ver as novas paisagens dos picos salpicados por neve é natural que a medida que íamos subindo a temperatura inversamente ia caindo.
Pouco adiante começamos a subir os famosos “Caracoles Argentinos”, um espetáculo a cada curva de 180 graus e logo chegamos ao ponto mais alto pelo lado argentino, 4.170m. Ao pararmos e descermos da moto, verificamos o que é o tão falado efeito da altitude, o marco ficava a uns 5 metros acima da estrada e para chegarmos lá parecia que estávamos escalando o Aconcaguá. Em dado momento abaixei para tirar uma foto e ao levantar parecia que pesava uma tonelada, para nós que não estamos acostumados foi uma novidade o fato! Mais adiante paramos no Grand Salar Argentino para fotos.
Seguimos em frente em direção a Susques que fica a aproximadamente 3.500m de altitude ao chegarmos a Thaís estava sentindo bastante o efeito do ar rarefeito, e conseguiu junto ao agente de turismo que fica na entrada da “cidade” (ver foto do posto) que o mesmo fizesse um chá que ajuda a combater estes efeitos, abastecemos as motos e paramos um pouco mais adiante em restaurante com direito a wi-fi (no meio do nada), demos prosseguimento em direção a fronteira com o Chile, percorridos mais ou menos um 70 km começamos a enfrentar um vento muito forte com rajada que pareciam que ia derrubar a motos e a temperatura foi despencando fazendo bastante frio, então paramos para colocar mais roupas de frio a esta altura a temperatura já beirava os 10 graus, mas com o vento parecia abaixo de zero.
Agasalhados, na hora da partida a moto do Celestino não dava partida obrigando a pedir socorro, desta forma terminamos pernoitando em uma pousada que existe na divisa entre a Argentina e Chile a uma altitude de aproximadamente 4.200 m o que fez principalmente a mim e a Thaís sofrer bastante com o efeito da altitude de qualquer forma neste local tinha um grupo de motociclistas de Curitiba também indo para San Pedro do Atacama que estavam a algumas horas em nossa frente e tiveram que retornar 60 km após a fronteira do Chile devido a nevasca que caia no momento em que eles estavam passando tornando o percurso muito perigoso.